Proibição de Soldagem sem Ventilação Local Exaustora

Em 2018, os fumos de solda foram “reclassificados” pela IARC do grupo 2B (possivelmente carcinogênicos) para o grupo 1 (carcinogênicos para humanos), como já havíamos conversado aqui.

Isso porque novos estudos indicaram que os fumos de solda provocam câncer de pulmão, havendo também sido encontrada associação positiva com câncer de rim.

Como se comportar diante desse cenário?

Uma certeza temos: soldagem sem ventilação local exaustora não dá!

E não somos nós que dizemos. É o HSE, uma das entidades mais respeitadas em SST no mundo:

http://www.hse.gov.uk/safetybulletins/mild-steel-welding-fume.htm#utm_source=hse.gov.uk&utm_medium=refferal&utm_campaign=welding-alert&utm_content=cross-site-banner

E à luz da legislação brasileira, como ficamos?

A NR-9 é muito clara ao determinar, em seu item 9.3.5.1, que devem ser adotadas as medidas necessárias e suficientes para o controle dos riscos ambientais quando constatado risco evidente à saúde (alínea “b”).

Veja que isso independe de avaliações quantitativas (alínea “c” do item 9.3.5.1), como não cansamos de explicar em artigos, aulas, livros…

A necessidade de adoção de SVLE em atividades de soldagem foi também objeto de Notificação Coletiva pelos Auditores Fiscais do Trabalho no Rio Grande do Sul no início de 2014, uma vez que já havia muitos estudos que apontavam os efeitos deletérios dos fumos sobre a saúde dos soldadores.

Agora, com a “reclassificação” dos fumos de solda pela IARC, a necessidade se torna ainda mais óbvia.

Afinal, poucas situações são tão “enquadráveis” na categoria de risco evidente à saúde como a exposição a um agente comprovadamente cancerígeno para humanos!

Segundo o boletim do HSE,  

Independentemente da duração, o HSE não aceitará mais qualquer atividade de soldagem realizada sem as medidas adequadas para o controle de exposição, pois não há nível de exposição seguro.

Como lidar com as atividades de soldagem, então?

Considerando que nenhuma alteração possa ser feita no seu processo produtivo para eliminar a soldagem, então você deve adotar ventilação local exaustora.

Nesse contexto, lembre que:

  1. O uso de EPI não substitui nem elimina a necessidade de instalação de SVLE.

O uso de EPI é admissível apenas quando for comprovada a inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando estas não forem suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em caráter complementar ou emergencial, conforme item 9.3.5.4 da NR-9. 

2. O projeto e o dimensionamento do SVLE deverão minimizar a geração de outros riscos ocupacionais, como o ruído.

3. Os SVLE móveis deverão ser dotados de canos ou mangueiras de saída do ar que garantam a remoção dos fumos aspirados para fora do recinto.

4. Se for adotado sistema de exaustão com uso de braços articulados, deverão ser usados equipamentos com fácil posicionamento do bocal de sucção, e que possam ser trocados de posição usando apenas uma mão, sem que o trabalhador precise soltar o aparelho de solda para fazer o reposicionamento do bocal de sucção. Isso porque, se for difícil de usar, o pessoal acaba não usando! ?

5. Deverá ser elaborado programa de manutenção do SVLE, integrado ao programa de manutenção geral da empresa. Para a elaboração de tal programa, recomenda-se a consulta à publicação “Maintenance, examination and testing of local exhaust ventilation”, elaborada pelo HSE (Health and Safety Executive, 1998).

Se quiser ler mais sobre o assunto, já escrevemos aqui sobre:

Fumos de solda: https://www.sabersst.com.br/riscos_fumos_solda/

Ventilação local exaustora: https://www.sabersst.com.br/ventilacao_industrial/

Façamos todos um bom trabalho!

Cibele Flores

Engenheira Mecânica, Engenheira de Segurança do Trabalho, Mestre em Engenharia, Auditora Fiscal do Trabalho e professora em cursos de especialização.

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