Radiações Ionizantes: O Que São, Tipos e Diferenças.

Entre os assuntos que geram um certo medo nos profissionais e estudantes da área de SST, certamente está o das Radiações Ionizantes.

Parte da nossa falta de envolvimento se dá por não entendermos bem os conceitos básicos ligados ao tema, e também porque a maioria das medidas de controle são dimensionadas por profissionais habilitados na área.

No entanto, é importante que o profissional de SST conheça os princípios básicos, para ao menos reconhecer o risco, orientar os trabalhadores expostos e, também, para detectar alguma falha óbvia nas medidas de controle adotadas.

Ao final desse artigo, você deverá:

  • Entender o que é radiação ionizante;
  • Conhecer os principais tipos de radiação ionizante (partículas alfa, partículas beta, raios X e raios gama), e saber as diferenças entre elas.

Vamos lá! Coragem! 😉

O que é Radiação?

Podemos definir radiação como

Qualquer dos processos físicos de emissão e propagação de energia.

Isso pode ocorrer tanto por intermédio de fenômenos ondulatórios, quanto através de partículas dotadas de energia cinética.

Segundo o elemento que conduz a energia, a radiação pode ser classificada como eletromagnética ou corpuscular.

A radiação eletromagnética é a que se propaga através de uma onda eletromagnética, constituída por um campo elétrico e um campo magnético oscilantes e perpendiculares entre si.

Já a radiação corpuscular é a aquela onde a energia se propaga através de partículas subatômicas, como prótons e elétrons, e outras formadas através de fissão nuclear, como os nêutrons.

Entendi o que é radiação… Agora, o que é uma radiação ionizante?

Rapidamente, precisamos entender o que é ionização.

Você lembra de ter estudado que o átomo é formado por partículas, como os prótons e os nêutrons (que ficam no núcleo), e os elétrons, que ficam em órbitas em torno do núcleo? Se não lembra, pode dar uma olhadinha aqui.

O fenômeno onde o elétron é arrancado do átomo é a ionização.

Assim, Radiação Ionizante é aquela radiação que transporta energia suficiente para produzir ionização (i.e., arrancar elétrons) em sistemas biológicos.

Nisso ela se diferencia da Radiação Não Ionizante, onde a energia transportada não é suficiente para arrancar o elétron do átomo (ou seja, não ocorre a ionização).

Tipos de Radiações Ionizantes

As radiações ionizantes podem ser classificadas como diretamente ou indiretamente ionizantes, dependendo do mecanismo de ionização a elas associados.

Entre as radiações diretamente ionizantes, que têm carga elétrica, destacamos as Partículas Alfa e as Partículas Beta.

Cada Partícula Alfa é formada por dois prótons e dois nêutrons. Quando a fonte está fora do corpo, as partículas alfa não representam risco, porque elas não atravessam a espessura da pele.

As Partículas Beta, por sua vez, são emitidas pelo núcleo quando este tem excesso de nêutrons. O nêutron, grosso modo, se desintegra em um próton e um elétron, e este é expulso do núcleo.

Como as Partículas Beta têm menos carga e mais velocidade, são mais penetrantes (e, portanto, mais perigosas) do que as partículas alfa. Nesse caso, a pele não é blindagem suficiente.

As radiações indiretamente ionizantes são aquelas que não têm carga elétrica, como os Raios Gama e os Raios X. Estes, apesar de gerados de forma distinta, têm a mesma natureza física.

Os Raios Gama correspondem à energia excedente emitida por um núcleo instável, após a emissão de partículas alfa ou beta.

Os átomos do material atravessado por essa radiação (não esqueça que radiação é energia!) emitem elétrons; assim, ocorre a ionização desse material.

Os Raios Gama têm grande poder de penetração, sendo um grave risco para os sistemas biológicos.

Já os Raios X são a radiação que resulta da desaceleração (freamento) de elétrons em alta velocidade quando entram em choque com um “alvo”. Para saber mais detalhes sobre a formação dos raios X  e da imagem radiológica, clique nos links.

Conclusão

Esse artigo é uma rápida introdução ao tema Radiações Ionizantes.

Se quiser saber mais sobre Radiações, sugiro a consulta ao sítio eletrônico do Instituto de Radioproteção e Dosimetria, órgão de pesquisa ligado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Na parte de downloads, você encontrará o excelente livro Radioproteção e Dosimetria: Fundamentos. Vale a pena baixar!

Também vale a pena dar uma olhada na publicação Work with Ionising Radiation, do HSE:

https://www.hse.gov.uk/pUbns/priced/l121.pdf

Leia também nosso artigo sobre Radiações Não Ionizantes, no link abaixo:

Radiações Não Ionizantes: O Que São, Onde Estão e Riscos Associados.

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E como a vida não é só SST, compartilho o que tenho lido de bom. 🙂

Cibele Flores

Engenheira Mecânica, Engenheira de Segurança do Trabalho, Mestre em Engenharia, Auditora Fiscal do Trabalho e professora em cursos de especialização.

6 Resultados

  1. Camille disse:

    Só gostaria de fazer uma correção. A radiação mais ionizante é a alfa por isso ela é a mais perigosa .

    • Cibele Flores disse:

      Discordo. A alfa pode até ter carga maior, mas ela é menos penetrante que a beta. Como estamos tratando de saúde ocupacional, penso que ser mais penetrante torna a partícula beta mais “perigosa”.
      Se você tiver alguma fonte que tenha uma informação diferente, vou gostar de conhecer! 🙂

  2. Camille disse:

    Justamente por ser pouco penetrante e não atravessar o corpo do paciente ela é a mais ionizante. Ela se acumula na superfície da pele e ioniza tudo q consegue rs. Dê uma olhada no fator de qualidade das radiações do ICRP 103 que alí você com certeza entenderá! Meu bem, eu não quis te ofender em nenhum momento, seu conhecimento é gigantesco mas eu eu sou radiologia e essa é uma das partes mais importantes do meu curso. Caso queira outras fontes ou até alguma explicação eu estou a disposição em meu email.

    • Svetlana disse:

      A radiação alfa não é a mais perigosa. talvez você não tenha entendido direito. Para ter efeito deletério, digo, danoso, ela precisa penetrar na célula. se não penetra, é inofensiva. As partículas Alfa, por terem massa e carga elétrica relativamente maior, podem ser facilmente detidas, até mesmo por uma folha de papel (veja a figura a seguir); elas em geral não conseguem ultrapassar as camadas externas de células mortas da pele de uma pessoa, sendo assim praticamente inofensivas.
      As partículas beta são mais penetrantes e menos energéticas que as partículas alfa , sendo barradas por madeira e alumínio.
      Os raios gama atravessam todas as barreiras que os raios alfa e beta não conseguem atravessar, e só são contidos por uma parede de concreto, inclusive conseguem penetrar até mesmo uma placa de chumbo.

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