Entre os assuntos mais omitidos nos documentos-base do PPRA, podemos apontar as radiações não ionizantes.

Algumas faixas do espectro são bastante conhecidas, como a radiação infravermelha, a luz visível e a ultravioleta. Por isso, não falaremos sobre elas agora.

Em vez disso, vamos conversar sobre outras faixas do espectro, como a radiofrequência e as microondas, e também sobre o laser.

Assim, você poderá reconhecer esses riscos e, a partir daí, buscar mais informações junto aos fabricantes de equipamentos e na literatura.

Ao final desse artigo, você deverá saber:

• O que são radiações não ionizantes;
• Onde, normalmente, encontramos radiações não ionizantes nos ambientes de trabalho;
• Os riscos ocupacionais envolvidos.

Vamos lá!

O que são Radiações Não Ionizantes?

Quando discutimos as Radiações Ionizantes, apresentamos a definição de radiação. Mencionamos também que, entre os tipos de radiação possíveis, destaca-se a radiação eletromagnética.

A radiação eletromagnética é aquela que se propaga através de uma onda eletromagnética, constituída por um campo elétrico e um campo magnético oscilantes e perpendiculares entre si.

As principais variáveis que caracterizam uma radiação eletromagnética são o seu comprimento de onda e a sua frequência. Quanto maior a frequência, maior a energia associada à radiação eletromagnética.

A principal diferença entre uma radiação ionizante e uma não ionizante é que a última não tem energia suficiente para produzir ionização, isto é, não consegue arrancar um elétron do átomo.

A radiação não ionizante causa apenas a excitação eletrônica dos átomos e moléculas. A excitação eletrônica ocorre quando o elétron absorve energia e passa a ocupar orbitais mais externos – sem, no entanto, ser arrancado do átomo.

Com base no seu comprimento de onda e em sua frequência, podemos organizar o espectro eletromagnético de acordo com a figura a seguir, levemente alterada da versão da Wikipedia.

 

Observe que no final do espectro, zona de frequências mais elevadas (e, portanto, com mais energia), temos os Raios X e Raios Gama, que são Radiações Ionizantes.

Onde podemos encontrar Radiações Não Ionizantes?

Em muitas atividades!

Lembro que, por agora, não discutiremos as faixas mais usuais do espectro, como infravermelho, luz visível e ultravioleta… Temos, então:

Radiofrequência

Podemos encontrar radiofrequência, ou ondas de rádio, em radiodifusão AM, diatermia médica, solda de radiofrequência (RF), secagem de sementes e folhas…

Como principal risco associado, destaca-se o aquecimento induzido pela radiação – ainda que a variação da temperatura do corpo seja pequena. Segundo a publicação Safety in the Use of Radiofrequency Dieletric Heaters and Sealers, da OIT, os embriões e os fetos podem ser particularmente sensíveis ao calor induzido pela RF.

Isso pode provocar abortos e má formação do sistema nervoso central de bebês cujas mães desenvolveram hipertermia entre moderada e severa, em especial durante o primeiro trimestre da gravidez.

Microondas

A radiação de microondas tem grande aplicação comercial, por ser uma forma muito conveniente de aquecimento. Quando usamos microondas, os produtos de combustão ou o calor convectivo não “vazam” para o ambiente de trabalho, por exemplo.

Além de nossos fornos domésticos, a radiação de microondas é utilizada em esterilização, vulcanização, radiodifusão FM, ressonância magnética e muitas outras atividades.

A exposição a microondas pode provocar diversos efeitos à saúde, dependendo da frequência da onda, da potência dos geradores e do tempo de exposição.

Entre esses efeitos, podemos apontar queimaduras, catarata e distúrbios cardiovasculares e endócrinos.

Laser

Laser é uma abreviação para a expressão light amplification by stimulated emission of radiation, ou seja, amplificação da luz por emissão estimulada de radiação.

A luz de uma fonte laser é coerente. Isso quer dizer que ela:

• Vibra num único plano;
• Se propaga em uma só direção;
• É monocromática (tem um só comprimento de onda).

A radiação laser pode ser gerada em diferentes faixas do espectro eletromagnético, como infravermelho, visível e ultravioleta.

Os efeitos provocados pela exposição ao laser dependem, entre outros fatores, da potência aplicada e da frequência da radiação. Os órgãos mais afetados, em geral, são olhos e a pele.

Se você quiser saber um pouco mais sobre laser, recomendo a leitura das recomendações do Reino Unido sobre segurança no uso de radiação laser. Aliás, já mencionei que sou fã do Reino Unido e do seu HSE, certo?

Vale lembrar:

Além dessas faixas de frequência, cabe também apontar a existência de ondas de frequência extremamente baixa (ELF), que estão, no espectro eletromagnético, à esquerda das ondas de rádio.

Os estudos realizados sobre os efeitos da radiação nessa faixa do espectro são ainda inconclusivos, apesar de muitos sugerirem aumento na incidência de câncer e outros problemas de saúde.

Conclusão

Esse artigo é uma rápida introdução ao tema Radiações Não Ionizantes. Recomendo a leitura do post sobre Radiações Ionizantes, para que as diferenças fiquem bem assimiladas. 😉

Cabe lembrar que, para fins de NR-15, são consideradas radiações não-ionizantes as microondas, as ultravioletas e laser…

E para encerrar, recomendo que você assista, quando tiver tempo, esse vídeo da Fundacentro sobre o assunto. É antigo, mas vale a pena. 😉

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