Ruído: Medidas de Controle da Exposição

Sempre é bom lembrar: nosso papel é garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores que estão sob nossos cuidados.

Para isso, temos que adotar as medidas necessárias para o controle das exposições a agentes nocivos – inclusive o Ruído.

Apesar de existir uma visão meio geral de aceitação do ruído excessivo, de que nada poderia ser feito, não deveria ser assim.

Isso porque a exposição ao ruído excessivo é prejudicial por diversos motivos

  • Pode causar perda auditiva e zumbido no ouvido (tinnitus); 
  • Pode provocar distúrbios do sono;
  • Pode prejudicar a comunicação, a percepção de sinais de alerta nos locais de trabalho e a consciência do que está acontecendo ao redor, aumentando o risco de acidentes.

Então não se trata de um problema desprezível. 😉

E enquanto o Anexo de Ruído da NR-9 não é publicado, que tal irmos discutindo como o controle da exposição pode ser feito?

Didaticamente, nós dividiríamos as situações de exposição ao ruído acima do nível de ação em 2 categorias:

  1. A adoção de medidas simples já ajudaria MUITO.
  2. A solução é mais cara e mais complexa.

Vamos discutir essas situações, com algumas ideias e sugestões de fontes de consulta, a seguir!

1.Às vezes medidas simples podem ajudar muito!

Nem sempre você precisa fazer um levantamento topográfico do ruído para resolver o seu problema. Muito menos uma análise do espectro de frequências…

Às vezes, a origem do ruído excessivo é bem óbvia – especialmente em pequenas indústrias.

Como por exemplo, em um processo em que haja queda de materiais (como peças metálicas) sobre uma superfície dura, sem amortecimento. Toda hora é aquele barulho de batida!

Que tal amortecer essa queda, talvez com placas de borracha?

E aquele barulho chato do escape do ar das válvulas pneumáticas… Que tal testar silenciadores?

Outras medidas simples, mas que podem fazer diferença, são manter engrenagens lubrificadas e em bom estado e usar transportadores de tela, em vez de rolos.

2.Existe solução, mas não é tão simples…

As melhores soluções sempre são aquelas adotadas na etapa de antecipação. Comprar um equipamento menos ruidoso, instalar os equipamentos “barulhentos” em locais mais afastados… 

Mas, na maior parte dos casos que chegam a nós, a situação já está montada e não temos grandes margens para manobrar.

Se não existirem medidas simples para reduzir a exposição dos trabalhadores, chegou a hora de pensar em soluções mais complexas.

E nessa hora temos que fazer uma autoavaliação sincera: tenho condições de assumir essa empreitada ou devo chamar um especialista?

Entre essas soluções mais complexas, podemos destacar:

  • Enclausuramento da fonte de ruído, com uso de material absorvente de som no interior;
  • Revestimento do teto com material absorvedor acústico (com o cuidado de não criar outros riscos!);
  • Colocação de biombos acústicos;
  • Montagem das máquinas sobre materiais que absorvem vibrações.

“Quero saber mais! Por onde começo?”

Uma fonte de consulta muito boa é o livro “Ruído: Riscos e Prevenção”, organizado por Ubiratan de Paula Santos. Ele é antiguinho (1994) e penso que está fora de catálogo, mas ainda tem alguns à venda na Estante Virtual.

Ele deveria ser reeditado! #ficaoprotesto 🙂

Os capítulos “Medidas de Controle do Ruído” e “Conceitos e Aplicações Práticas sobre Controle do Ruído” são excelentes, com várias dicas bem aplicáveis. Essas dicas seguem a hierarquia prevista na nova NR-1 e, por enquanto, na NR-9. 😉

Outro livro legal, mas um pouco mais complexo, é o Acústica Aplicada ao Controle do Ruído”, de Sylvio R. Bistafa. Esse seria indicado para quem quer aprender mais do que a média, e é bem completo.

Esse pode ser encontrado facilmente em livrarias online, como a Amazon:

Outra fonte legal é a publicação “Sound Solutions for the food and drink industries”, do HSE, com download gratuito aqui:

https://www.hse.gov.uk/pubns/priced/hsg232.pdf

Não deixe de ler porque é sobre indústria de alimentos e bebidas. As ideias podem ser facilmente aplicadas a outros setores!

Também é legar dar uma olhada nos estudos de caso do HSE:

https://www.hse.gov.uk/noise/casestudies/soundsolutions/index.htm

Ufa, temos literatura aí para estudarmos por um ano! 😊

E isso é ótimo, porque sempre é bom aumentar nosso repertório de soluções, certo? 😉

Façamos todos um bom trabalho!

Cibele Flores

Engenheira Mecânica, Engenheira de Segurança do Trabalho, Mestre em Engenharia, Auditora Fiscal do Trabalho e professora em cursos de especialização.

4 Resultados

  1. Airton disse:

    Parabéns pela abordagem, Cibele. Abc. Airton.

  2. Julio Costa disse:

    Muito legal.
    Vocês já tem o novo texto da revisão da NR-09, PGR

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Nele, respondemos aquelas perguntas que quase todo prevencionista tem sobre Vibrações:

– É sempre necessário medir a exposição a vibrações? Quais as normas que tratam do assunto?

– Por que se usam dois indicadores para avaliar a exposição às vibrações de corpo inteiro? É obrigatório usar os dois?

– Quais os reais efeitos das Vibrações sobre a saúde dos trabalhadores?

– Como controlar a exposição? Luvas e assentos resolvem o problema? 

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